Recursos hídricos
A costa sul do Algarve, com 155 km de extensão, é banhada pelo Atlântico e tem cerca de metade do seu litoral composto por arribas rochosas, desde o Cabo de São Vicente até aos Olhos de Água. É nos Olhos de Água onde a costa se divide em Barlavento (a oeste) e Sotavento (a leste), conforme a exposição aos ventos e ondas predominantes de W-SW.
As arribas rochosas enquadram-se na Formação Carbonatada de Lagos-Portimão, com uma emblemática cor amarela. Estas rochas são maioritariamente constituídas por calcários, calcarenitos e siltitos do Miocénico (23 a 5.3 milhões de anos). As camadas são ricas em fósseis marinhos, como bivalves, ouriços-do-mar e algas calcárias, indicando ambientes marinhos desde praias rasas até profundidade de 20 metros.
As rochas calcárias destas arribas foram intensamente afetadas por fenómenos carsificação, desde o final do Miocénico e até início Pliocénico (7 a 3,6 milhões de anos atrás). Mais tarde, esses algares foram preenchidos por sedimentos vermelhos e amarelos do Pliocénico e Plistocénico, ricos em ferro.
Outro fenómeno importante na área são os famosos “olheiros”, ou pequenas nascentes visíveis na areia de água doce subterrânea que nasce na praia e no mar. Esta água provém do aquífero Albufeira-Ribeira de Quarteira, que cobre 54,6 km² e está condicionado por grandes falhas tectónicas.
Este local tem grande interesse geológico, combinando formações rochosas, processos geomorfológicos e hidrogeológicos únicos, tornando-o um verdadeiro livro aberto sobre a história natural do Algarve.

Localidade: Olhos de Água