A Rocha dos Soidos é um impressionante maciço rochoso que se destaca na paisagem graças à sua escarpa imponente, lembrando a proa de um navio. Com 467 metros de altitude, oferece uma vista panorâmica livre sobre a Serra do Caldeirão, e é um local de grande interesse não só pelas sua geomorfologia, mas também pela sua história geológica.

Este relevo formou-se por um processo chamado erosão diferencial, em que as rochas menos resistentes à meteorização e erosão desgastaram-se mais rapidamente ao longo do tempo, enquanto as mais resistentes foram menos desgastadas, mantendo por mais tempo as suas formas originais, criando formas de relevo marcantes como esta. No caso da Rocha dos Soidos, a erosão escavou formações de argilas e margas muito antigas, do Jurássico Inferior (201 – 175 milhões de anos), e expôs uma cornija (ou saliência rochosa) feita de dolomitos, uma rocha calcária rica em magnésio e muito resistente aos agentes da erosão.

Na Rocha dos Soidos também foram identificados fósseis, embora nem todos sejam bem preservados. Entre eles, encontram-se pólens raros que indicam uma idade triásica, ou seja, de cerca de 250 milhões de anos. Além disso, em alguns níveis, surgem fósseis de gastrópodes (grupo dos caracóis e búzios) e lamelibrânquios (como bivalves), que ajudam a datar estas rochas do início do período Jurássico (Hetangiano, 201 – 200 milhões de anos).

Outro aspecto fascinante deste local são as rochas ígneas - ou seja, formadas a partir do arrefecimento de magma - que aparecem sob a forma de filões basálticos (veios de rocha vulcânica escura) e de antigas escoadas de lava basáltica. Estas formações estão ligadas à atividade vulcânica associada ao Maciço de Monchique (72 milhões de anos) e à Província Magmática do Atlântico Central (aproximadamente 251 milhões de anos), um evento geológico de grande escala que afetou vastas regiões, e cujos produtos provocaram efeitos perturbadores no clima e ecossistemas marinhos e terrestres, e causaram a grande extinção em massa do final do período Triássico.