A exploração de sal (halite– cloreto de sódio), da mina de Sal-Gema, entre os 230 e 314 metros de profundidade (o nível superior da mina está a uma profundidade de 30 metros abaixo do nível médio das águas do mar), iniciou-se na segunda metade do século XX, sendo hoje constituída por cerca de 40 km de galerias subterrâneas. O sal, assim como outros minerais (por exemplo, anidrite, silvite), foi formado por precipitação resultante da evaporação de água do mar em ambientes marinhos próximos à linha de costa, pouco profundos e de clima quente e árido. Estes tipos de ambientes formaram-se em bacias de rift resultantes dos primeiros episódios tectónicos associados com a fraturação e fragmentação do supercontinente Pangeia e posterior abertura do Oceano Atlântico Norte. Esta fase ocorreu entre o Triássico Superior (237-201 milhões de anos) e o Jurássico Inferior (201-175 milhões de anos), tendo sido depositada nas bacias evaporíticas extensas sequências de halite e anidrite. A precipitação dos evaporitos foi interrompida pela deposição de argilas e dolomitos de origem microbiana, criando uma camada de aproximadamente 1 metro de espessura. Essa camada está situada na fronteira entre o Triássico e o Jurássico, e está ligada às significativas mudanças ecológicas e ambientais globais que resultaram na extinção em larga escala de organismos marinhos e continentais no final do Triássico.

Posteriormente, à deposição dos evaporitos acumulou-se uma espessa sucessão, com cerca de 3 km, essencialmente, constituída por calcários durante o Jurássico e o Cretácico Inferior. A presença de evaporitos com baixa densidade por debaixo de camadas sedimentares calcárias com maior densidade, levou à lenta ascensão dos evaporitos até menores profundidades no interior da crosta. Esta ascensão foi, também, facilitada pelo deslocamento ao longo de falhas pré-existentes e movimentos tectónicos compressivos que “espremeram” os evaporitos até à superfície, dando origem a formas denominadas de domos de sal no meio das rochas calcárias encaixantes. A estes domos dá-se o nome de diápiros, e é graças à existência de um desses diapiros de sal no subsolo da cidade de Loulé, que amina de Sal Gema se desenvolveu.

Aventure-se e explore mais sobre este, que é um dos sítios geológicos mais importantes do Geoparque Algarvensis!

Mina de Sal-gema - Uma história com 230 milhões de anos